Nos últimos dias surgiu uma polêmica nas comunidades de paisagismo, arquitetura e decoração… A moda das plantas pintadas artificialmente.
Como cada um tem seu gosto e seus referenciais de beleza, eu como Bióloga, vou me limitar a falar cientificamente sobre o assunto.
Vamos começar por uma palavra muito conhecida: Fotossíntese.
Mas para quem não sabe ou não se lembra, vou resumir: é o processo pelo qual a planta absorve a luz solar através dos cloroplastos (presentes principalmente nas folhas) e a transforma em energia para se desenvolver.

Nas folhas, além dos cloroplastos ( que contém a clorofila, o pigmento que dá a cor verde às plantas ) , também estão presentes os estômatos, estruturas responsáveis por garantir as trocas gasosas entre a planta e o meio em que vivem. Os estômatos abrem e fecham de acordo com modificações que ocorrem nas células que ficam em volta dos poros, sendo que o fechamento é essencial para evitar uma perda excessiva de água pela planta.

Pois bem. Vamos ligar as coisas.
Quando as folhas recebem algum produto químico insolúvel em água ou em substâncias oleosas, como é o caso das tintas, os pigmentos e outros compostos ficam aderidos à elas, impedindo que a luz solar penetre adequadamente, prejudicando assim alguns processos vitais da planta que são a fotossíntese, respiração e transpiração.
Para entender isso, se imagine na rua, num dia de sol, com um saco preto cobrindo sua cabeça. Acredito que não seja confortável.
Em uma busca rápida encontramos algumas definições do que é tinta:
“substância química corante, que adere à superfície a qual se aplica e é usada para a pintura”.
“tinta é uma composição líquida, geralmente viscosa, constituída de um ou mais pigmentos dispersos em um aglomerante líquido que, ao sofrer um processo de cura quando estendida em película fina, forma um filme opaco e aderente ao substrato”.
“Tinta é uma composição química, pigmentada ou não, que após sua aplicação se converte em um revestimento, proporcionando às superfícies: acabamento, resistência e proteção”.
Embora alguns “pintores de plantas” garantam que usam tintas orgânicas, solúveis, não tóxicas e existam várias técnicas inofensivas de tingimento, temos visto plantas pintadas com spray colorido, com glitter, etc… Vejam!


Agora vejamos alguns exemplos de plantas pintadas pela natureza, sem nenhum aditivo químico tóxico…





Diante dessas obras de arte naturais, da enorme diversidade de espécies, formas e cores que temos, ficam as minhas perguntas:
Será que as plantas realmente precisam de maquiagem?
Pintar plantas não lhe parece uma forma de tortura?
Será que precisamos interferir no ciclo natural das plantas?
Minha sugestão é parar de ver as plantas como meros objetos de decoração e lembrar que são seres vivos, seres maravilhosos que fazem parte de um ecossistema, que melhoram a qualidade do ar onde se encontram, que proporcionam bem estar, conforto térmico e acústico, que contribuem para o equilíbrio do meio ambiente e numa análise mais ampla, contribuem para a preservação humanidade.