Quem olha, pensa que é uma bela palmeira brasileira enfeitando nossas matas, jardins e centros urbanos (frequentemente formando aleias). Mas, na verdade, trata-se de uma espécie exótica, ou seja, não nativa – Archontophoenix cunninghamii –, originária da Austrália e conhecida aqui como palmeira seafórtia, palmeira-australiana ou palmeira-real. Foi introduzida no país pela Família Real Portuguesa, trazida para a fundação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Rústica e acostumada a climas quentes e úmidos, ela se adaptou facilmente às terras brasileiras. Atinge a altura de 8-10 metros e se reproduz facilmente com a ajuda dos pássaros, que fazem a festa ao se depararem com seus frutos de coloração vermelho-vivo, espalhando pelas matas, parques etc. as sementes neles contidas.

Cada cacho da palmeira possui cerca de 4 mil sementes e a espécie tem crescimento rápido. Resultado: ocorre uma verdadeira invasão dessa espécie não nativa, que passa a competir com nossas plantas nativas e a oferecer riscos à biodiversidade local. Daí ser chamada de espécie invasora. Além disso, a germinação das espécies nativas é prejudicada pela sombra excessiva da seafórtia.
Foi isso que levou a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da capital paulista a executar, em 2019, projeto aprovado em 2017 para eliminar gradativamente as cerca de 750 palmeiras seafórtias presentes no Parque Trianon, na Avenida Paulista, em São Paulo, e substituí-las por mudas nativas da Mata Atlântica. O projeto segue o exemplo da USP que, em 2011, substituiu essa espécie por 120 espécies nativas de Mata Atlântica, após ser constatado por cientistas do Instituto de Biociências que ela prejudicava a flora nativa.
Suas flores brancas e violáceas atraem abelhas, seus frutos são parte do cardápio dos passarinhos, mas o Brasil oferece uma vasta variedade e quantidade desses ‘insumos’ para a fauna – além do que, as plantas nativas são fáceis de cuidar, pois já são naturalmente adaptadas ao meio, o que facilita tanto o seu crescimento quanto a resistência a pragas e doenças. E oferecem diversos benefícios para nosso ecossistema.
Vários produtores ainda vendem a palmeira seafórtia – mas que tal evitar usá-la em projetos de paisagismo? A nossa flora e ecossistema agradecem…

Vitoria Davies – Paisagista
Sócia-fundadora da empresa VITORIA DAVIES PAISAGISMO, formada pela The English Gardening School, em Londres, além de cursos presenciais no IBRAP (Paisagismo Básico, Implantação e Manutenção de Jardins, Escolha de Espécies Vegetais, Projeto e Orçamentos) e na EPP (Iluminação).
Léa Elliott disse:
Informação importante para compreender a necessidade de reduzir tais palmeiras.
vitoriadavies disse:
Oi Lea querida, minha mui fiel leitora… Feliz de te ver por aqui, ja ia te mandar o artigo! Bjo
Lilian Casagrande disse:
Parabéns, Vitória, querida! Sempre com ótimos artigos, contribuindo muito para o nosso crescimento!
vitoriadavies disse:
Obrigada, Lilian querida! E eu aprendo tanto também!
Luara Richter disse:
Parabéns pelo artigo, Vitória! 👏🏻👏🏻
vitoriadavies disse:
Obrigada, Luara! Fico feliz que você tenha gostado!
Douglas Brandão disse:
Excelente!
Sempre bom recordar pois ainda se plantam muitas dessa espécie altamente invasora. A Prefeitura de SP gastou quase 2 milhões de reais na recuperação do Trianon, aliás, vem gastando pois o processo continua em andamento com plantio de nativas, ainda em 2022.
vitoriadavies disse:
E a previsão original é que o processo duraria apenas dois anos, não é? Foi iniciado em 2019…
Gabriela disse:
Fascinante o artigo!!